EE. Francisco Molina Molina - Diretoria de Ensino Região de Jales

sábado, 5 de maio de 2012

Cecília Meireles, biografia e poesias


Cecília Benevides de Carvalho Meireles nasceu a 7 de novembro de 1901, no Rio de Janeiro. Órfã de pai e mãe desde os três anos de idade foi criada pela avó materna. Formou-se em 1917 na Escola Normal de sua cidade natal, passando a dedicar-se ao magistério primário. Organizou a primeira biblioteca infantil do país e publicou seu primeiro livro "Espectros" em 1919. A partir de 1922, passou a integrar a ala católica do movimento modernista. A partir da década de 30 começou a leciona literatura brasileira em diversas universidades.

Em 1935, o suicídio do marido a forçou a ampliar suas atividades de professora e jornalista, para educar as filhas. Alcança a maturidade como poeta em 1938 com a publicação de "Viagem", premiado pela Academia Brasileira de Letras. 

Depois de casar-se novamente, inicia-se um período de intensa atividade profissional e literária, e de freqüentes viagens ao exterior. Em 1953, após anos de minuciosa pesquisa histórica, publica o "Romanceiro da Inconfidência". Cecília Meireles morreu a 9 de novembro de 1964, no Rio de Janeiro.Obras poesias

Espectros (1919)

Nunca Mais e Poemas dos Poemas (1923)

Baladas para El-Rey (1925)

A Viagem (1939)

Vaga Música (1942)
Mar Absoluto (1945)


O que é poesia?

Poesia é uma linguagem verbal criativa, uma expressão de sentimentos, emoções e
sentido do poeta em relação àquilo que o rodeia ou pelo que toma como tema, revelado numa forma escrita, como por exemplo o amor, palavras que tocam a alma.
A matéria-prima do poeta é a palavra, ele tem toda a liberdade para manipular as palavras, mesmo que isso implique romper com as normas tradicionais da gramática. A poesia, ou gênero lírico, ou lírica é uma das sete artes tradicionais, uma forma de linguagem. 

Os gêneros de poesia permitem uma classificação dos poemas conforme suas características:
Poema épico , geralmente, narrativo, aborda temas como a guerra ou outras situações extremas. J
Poema lírico pode ser muito curto. 
Uma das formas mais representativas da poesia é o lirismo que não é mais do que a expressão do "eu", dessa forma o poeta fala do que sente; revela-nos o seu estado de espírito, de um modo que é estranho ao homem em geral, que muitas vezes é tomado pelos mesmos sentimentos e sensações, mas que não é capaz de os revelar da mesma forma.  Aliás, como o são os sentimentos, a poesia não é regida por um modelo generalizado: cada poeta tem a sua forma, o seu estilo, o seu método de escrever... 
O poeta poderá também apresentar como tema aquilo que o rodeia. Interioriza o que lhe é externo e trata-o de uma forma sentida, expondo o resultado, de um modo geral, completamente transformado, à sua maneira: revela um mundo criado por si a partir de um mundo que lhe passa ao lado.
É uma arte; é um dom que só alguns possuem. É conseguir fazer chorar a partir de um motivo para rir. É tão somente viver poesia.


POESIAS DE CECÍLIA MEIRELES




Retrato

"Eu não tinha este rosto de hoje, 
assim calmo,
assim triste,
assim magro, 
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força, 
tão paradas e frias e mortas; 
eu não tinha este coração
que nem se mostra. 
Eu não dei por esta mudança, 
tão simples,
tão certa,
tão fácil: 
Em que espelho ficou perdida a minha face?"
                                                Cecília Meireles



A Bailarina 
                                                        Cecília Meireles

Esta menina 

tão pequenina 
quer ser bailarina. 

Não conhece nem dó nem ré 
mas sabe ficar na ponta do pé. 

Não conhece nem mi nem fá 
mas inclina o corpo para cá e para lá. 


Não conhece nem lá nem si, 

mas fecha os olhos e sorri. 

Roda, roda, roda com os bracinhos no ar 
e não fica tonta nem sai do lugar. 

Põe no cabelo uma estrela e um véu 
e diz que caiu do céu. 

Esta menina 
tão pequenina 
quer ser bailarina. 

Mas depois esquece todas as danças, 
e também quer dormir como as outras crianças. 




Ou Isto ou Aquilo



Ou se tem chuva e não se tem sol

ou se tem sol e não se tem chuva!



Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!
Quem sobe nos ares não fica no chão, 
quem fica no chão não sobe nos ares. 

É uma grande pena que não se possa 
estar ao mesmo tempo em dois lugares! 

Ou guardo o dinheiro e não compro o doce, 

ou compro o doce e gasto o dinheiro. 


Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo... 

e vivo escolhendo o dia inteiro!




Não sei se brinco, não sei se estudo, 

se saio correndo ou fico tranqüilo. 


Mas não consegui entender ainda 
qual é melhor: se é isto ou aquilo. 

Cecília Meireles





O Menino Azul



O menino quer um burrinho

para passear.

Um burrinho manso,

que não corra nem pule,

mas que saiba conversar.



O menino quer um burrinho

que saiba dizer

o nome dos rios, 

das montanhas, das flores,

- de tudo o que aparecer.


O menino quer um burrinho
que saiba inventar histórias bonitas
com pessoas e bichos 
e com barquinhos no mar.

E os dois sairão pelo mundo
que é como um jardim 
apenas mais largo
e talvez mais comprido
e que não tenha fim.

(Quem souber de um burrinho desses, 
pode escrever
para a Ruas das Casas,
Número das Portas,
ao Menino Azul que não sabe ler.)

Cecília Meireles




Sonhos da Menina

A flor com que a menina sonha

está no sonho?

ou na fronha?

Sonho 

risonho: 

O vento sozinho 

no seu carrinho. 

De que tamanho 

seria o rebanho? 
A vizinha 
apanha 
a sombrinha de teia de aranha... 
Na lua há um ninho 
de passarinho. 
A lua com que a menina sonha 
é o linho do sonho 
ou a lua da fronha?
                         Cecília Meireles



O Mosquito Escreve

O mosquito pernilongo

trança as pernas, faz um M,

depois, treme, treme, treme,

faz um O bastante oblongo,

faz um S.




O mosquito sobe e desce.

Com artes que ninguém vê,

faz um Q,

faz um U, e faz um I.




Este mosquito
esquisito
cruza as patas, faz um T.
E aí, 
se arredonda e faz outro O,
mais bonito.


Oh! 
Já não é analfabeto, 
esse inseto,
pois sabe escrever seu nome.


Mas depois vai procurar 
alguém que possa picar,
pois escrever cansa, 
não é, criança?

E ele está com muita fome.
                                   Cecília Meireles




Leilão de Jardim 


Quem me compra um jardim
com flores? 

borboletas de muitas cores, 
lavadeiras e passarinhos, 

ovos verdes e azuis 
nos ninhos? 

Quem me compra este caracol? 
Quem me compra um raio de sol? 

Um lagarto entre o muro e a hera, 
uma estátua da Primavera? 

Quem me compra este formigueiro? 
E este sapo, que é jardineiro? 

E a cigarra e a sua canção? 
E o grilinho dentro do chão? 

(Este é meu leilão!) 





Tanta Tinta
Cecília Meireles




Ah! menina tonta,

toda suja de tinta

mal o sol desponta!

(Sentou-se na ponte,
muito desatenta...
E agora se espanta:
Quem é que a ponte pinta
com tanta tinta?...)
A ponte aponta
  e se desaponta.
  A tontinha tenta

limpar a tinta,
ponto por ponto
e pinta por pinta...
Ah! a menina tonta!
Não viu a tinta da ponte!





As Meninas

Cecília Meireles 




Arabela

abria a janela.

Carolina

                                                                 erguia a cortina.

E Maria

olhava e sorria:

“Bom dia!”

Arabela

foi sempre a mais bela.

Carolina;
a mais sábia menina.
E Maria
apenas sorria:
“Bom dia!”
Pensaremos em cada menina
que vivia naquela janela;
uma que se chamava Arabela,
outra que se chamou Carolina.
Mas a nossa profunda saudade
é Maria, Maria, Maria,
que dizia com voz de amizade:
“Bom dia!” 




































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